Na programação da disciplina tivemos a participação do jornalista e cineasta Carlos Juliano Barros (Caju) da ONG Repórter Brasil. Caju, como é mais conhecido no meio artístico, é jornalista formado pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) e mestre em Geografia Humana pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da mesma instituição (FFLCH-USP). Finalista do Prêmio Esso 2009 e Menção Honrosa no Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos em 2010, colabora para diversas publicações, tais como Rolling Stone, Trip e GQ. Atua também como roteirista e diretor de programas de televisão em coprodução com o canal Futura. Fundador da ONG Repórter Brasil, dirigiu em parceria com Caio Cavechini o documentário “Carne Osso – O Trabalho em Frigoríficos”, selecionado para o “Festival de Gramado” e “É Tudo Verdade”, e vencedor do DOK Leipzig (Alemanha) em 2011, do Florianópolis Audiovisual Mercosul (FAM) em 2011 e do Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos de Melhor Documentário para Televisão em 2013. Com a reportagem digital “Moendo Gente” publicada pela Repórter Brasil, foi finalista do German Development Media Awards, promovido pelo grupo alemão Deutsche Welle, e do Prêmio Gabriel García Marquez, da Colômbia, na categoria inovação.
No seminário de Carlos Juliano, aberto a comunidade, foi feito o lançamento do vídeo “Jaci, sete pecados de uma obra amazônica”. Neste dia esteve presente um público especializado (acadêmicos, produtores de vídeo e ativistas ambientalistas) que debateu diversas questões que o filme inspiram em relação a questões trabalhistas, ambientais e políticas que mobilizam a sociedade brasileira. Vários apontamentos foram feitos em relação a ausências percebidas pelo público, especialmente pelos intelectuais/acadêmicos, as quais foram pontuadas e respondidas por Caju, como condição do discurso cinematográfico, que tem como limite o tempo factível para uma narrativa fílmica, para a qual é necessário fazer escolhas. Outro questionamento é devido ao fato de que suas produções vem sendo exibidas em redes comerciais de televisão, a que ele respondeu prontamente compartilhando sua percepção de que a circulação neste circuito é que vem permitindo o avanço e a conquista de direitos trabalhistas: imagens e gravações que foram feitas muitas vezes em condições adversas, até escondidas, foram publicizadas e sensibilizaram um grande público em relação a questões graves, de denúncia de trabalho escravo e de condições precárias de trabalho.
Caju esteve com os participantes do curso em um momento em que estes já estavam com os argumentos propostos e alguns com o roteiro de filmagem esboçado, quando comentou sobre a criatividade humana e sobre suas referências para a construção de um bom trabalho, ressaltando para os estudantes a importância de conhecer outros filmes e outras literaturas que ajudem a construir uma boa narrativa. Ele ouviu a proposta de cada um e deu interessantes contribuições. Destaca-se abaixo algumas das falas de Caju neste encontro: “Repórter Brasil concilia temas espinhosos em linguagem mais acessível, que resvalam em perspectivas mais artísticas.”; “A tecnologia neutra é uma balela, hoje em dia se você critica qualquer coisa, você está sendo ideológico e se você segue a cartilha a risca você é técnico.”; “Criatividade humana não tem receita. O mais importante é a referência, seja da literatura, seja da ficção, seja de documentários, quando se tem boas referências você pode citá-las.”; “Este é o grande segredo: narrar em imagens…”
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