(de Marcelo Vaz Pupo)
Este material busca redigir “videofonograficamente” um discurso que se apoia em algumas experiências pessoais, fruto de projetos de extensão, pesquisa e atividades políticas autônomas. Ocupação de monoculturas, cotidiano de Assentamentos rurais, entrevistas com agricultores fizeram parte do “repositório” utilizado na edição deste videofonograma. São imagens e sons que localizam e dispersam, repetem-se de acordo com as referências trazidas – palavras, gestos, entonações, coloração, timbres, tonalidades das trajetórias de vida de camponeses com distinta origem geográfica e cultural, mas que têm pela terra e pelo ato de interpretá-la uma intenção em comum.
Se existe algum anseio em delimitar um encadeamento entre imagens e sons, ele só se expressa nas polifonias dos atores ali presentes, cujas falas e dizeres são portadoras de memória e estória pessoais, contextos afetivos, mas que compõem, em conjunto, um único arco-íris sonoro – na intenção de terra, na política de broto em flor que renasce e alimenta. Esta característica de inventar a terra e misturá-la com vida parece ser algo universal, mas só o é na sincronia com o local – uma outra globalização, “às avessas”, que universaliza na diferença, e assim escapam a todo instante do normativo e da massificação política e subjetiva, do discurso único.