*Quadro: Cidade dos Vegetais
A Sociedade e o Mundo Perfeito!
– Quantas cores! Que maravilhosas mercadorias! A gente nem se importa tanto com a qualidade, vendo tanta beleza nas bancas… me disse uma senhora, enquanto admirava a “feirinha” de um supermercado em minha cidade.
– Desculpe-me senhora, não posso concordar com a senhora! Tomei um dos tomates da banca e lhe perguntei: a senhora chegou a conhecer um tomate deste tamanho quando era criança?
– De modo algum, responde ela, com um tom resignado! Ao contrario meu jovem, eram bem pequenos, tinham um gosto bem diferente, com uma massa bem consistente e nós jogávamos suas sementes em nossa hortinha lá no fundo do quintal, e poucas semanas depois, lá estávamos comendo “tomatinhos” muitas vezes da nossa própria horta! Que tempo gostoso!
Até quando devemos assistir nosso “mundo” perdendo suas sementes, suas espécies, suas origens, sua Natureza? Vivemos em um mundo de constante transformação e isto maravilhoso, porém não podemos esquecer que na medida em que transformamos o mundo, somos transformados por ele mesmo! Aquilo que consideramos ser admirável ou “chamativo” passa a ser uma arma contra nosso bem-estar e nossa saúde, pondo em risco nossa própria vida! (Toda planta ou animal que possuam cores fortes, são extremamente perigosos, pois indicam algum risco toxico). Enquanto nos perdemos com os encantos das feiras de grandes supermercados; hospitais e unidades de pronto atendimento estão superlotados com pacientes, vitimas de pratos maravilhosos, coloridos, enfeitados com uma “beleza rara”… OS AGROTÓXICOS, que sublimam as cores, transformam o sabor original das sementes e ao longo dos anos deterioram gradativamente o próprio homem.
Pois o homem é aquilo que come! Logo a Sociedade é aquilo que come!
Texto e Pinturas de Luciano Ferreira/Lenny F. Conheça mais obras da série de pinturas “Transgênicos: O homem é aquilo que come” de Lenny F. no site.
A primeira obra, que deu origem a coleção foi “Cidade dos Vegetais”, reproduzida no início deste post. Segundo o próprio artista: “Esta série nasceu depois de três anos de pesquisas em documentários, vídeos e conferencias de várias partes do mundo sobre a Biotecnologia, que despertaram muitas inquietudes, levando-me a trabalhar artisticamente sobre o tema. Chamada de “Cidade dos Vegetais”, onde alimentos adulterados pelo homem começam a influenciar não somente o próprio homem senão que toda a Natureza… e medida em que o homem transforma seu entorno passa a ser transformado por ele mesmo.”
Sobre conflitos e transgênicos indicamos também o ensaio fotográfico sobre a contaminação e resistência nas Malvinas argentinas divulgado pelo Centro de Mídia Independente – CMI. Lenny F. viveu em Córdoba por muitos anos antes da concepção da coleção “Transgênicos” onde teve contato com a realidade nas Malvinas e outros movimentos como Madres de Ituzaingó, formados por moradoras do bairro de Ituzaingó (Córdoba) que foi contaminado por agrotóxicos fumigados em plantações de soja transgênicas.
*Foto: Reportagem Fotográfica da Sub. Coop. cooperativa de fotógrafos da Argentina publicada no CMI
“Malvinas Argentinas é uma cidade de 16 mil habitantes no que era antes o “cinturão verde” de Córdoba, a 800 km de Buenos Aires. Monsanto pretende instalar ali a maior planta de processamento de sementes de milho da América Latina. A duras penas hoje em dia o povado soma uma rua asfaltada e um poliesportivo. A nova empresa que prometeu progresso e empregos não cumpriu com dar aos habitantes do povoado os postos de trabalho. Desde que a soja inundou a província, Malvinas Argentinas se tornou uma ilha entre aviões pulverizadores e celeiros de grãos. O campo já não necessita de homens, dizem resignados os veteranos malienses aos jovens desocupados que ficaram no bando perdedor. As 4×4 passam longe: agarram pela N19 ou A88 até Montecristo onde vivem os donos e administradores dos campos. Ali, a 8 km das Malvinas, no meio da praça do povoado, deixaram os 3 celeiros da fundação: monumentos a nova pujança econômica da soja e também lembranças de uma agricultura manual que eles não sentem saudades.”