Colaborador/Autor: Mario Castro Junior
No fim da década de 80 e início de 90 nas periferias de São Paulo, era bastante comum escutarmos um termo chamado “balanço” referindo-se ao rap/hip hop/black music da época. Em festas ou bailes que tocavam outros estilos musicais, era frequente escutarmos o grito pro DJ “Toca balanço!” Assim como hoje em dia a nova geração grita “Solta o pancadão!”, referindo-se ao funk. O motivo do termo “balanço” referir-se ao hip hop era que as músicas possuíam um compasso cadenciado que fazia o corpo balançar como um pêndulo, o que conhecemos hoje como “bounce” ou “groove”.
Trago esta saudosa introdução, que deu origem ao título deste ensaio, para uma reflexão histórica não tão compassada assim, aliás, bastante descompassada: a questão de gênero no hip hop. Talvez seja um pouco atípico um homem escrevendo sobre feminismo, o feminismo muitas vezes é visto como trabalho das mulheres. Penso que é um trabalho de uma sociedade que pretende evoluir para um lugar melhor, um trabalho que homens e mulheres podem e têm que fazer juntos e que, ás vezes, parece um trabalho de muito isolamento. Assim, reitero que esta voz masculina também é seu povo.
O hip hop que surge entre as décadas de 60 e 70 nos subúrbios de Nova York e ganha notório destaque mundial através das mídias a partir dos anos 80, que enquanto movimento cultural e social gera para seus apreciadores uma maneira de promover o empoderamento, valorizando e resgatando sua autoestima, tanto racialmente quanto socialmente por meio de uma produção cultural contestadora e de linguajar jovem, tanto na música quanto na dança, acabou deixando de lado por um bom tempo o olhar feminino.
Sim, sabemos que o ambiente influenciou diretamente neste contexto, o Bronx dos anos 70 estava à extrema decadência urbana. O cotidiano hostil e violento que a cultura hip hop surge e se desenvolve acabou por afastar a presença feminina, mas nunca foi só isso. O que se percebe é que as mulheres não dispõem das mesmas condições que os homens para enfrentar os problemas da vida urbana (e isto persiste) em qualquer lugar no globo. Isso porque sempre existiu uma grande concentração do poder e de recursos produtivos nas mãos dos homens, bem como também em termos do acesso diferenciado que estes têm ao conhecimento e isso inclui também as artes e a cultura.
No mesmo ritmo que se desenvolvia a cultura hip hop, os grupos organizados do feminismo negro estadunidense davam grandes passos na luta contra a opressão, a segregação racial e as práticas discriminatórias, apesar das ações importantes tomadas pelo governo para abolir a segregação da sociedade americana desde 1970, a segregação racial continuava profundamente arraigada na moradia, na escola, no emprego, em situações cotidianas, nas interações sociais diárias e inclusive pela invisibilidade das mulheres negras como sujeitos do feminismo.
Na explosão da dança breaking (difundido pela mídia como breakdance) no início dos anos 80, a Rock Steady Crew desempenhou um grande papel em levar os dançarinos (b.boys) para além do Bronx. A icônica cena da dança breaking no filme “Flashdance” incluiu vários membros da Rock Steady Crew e despertou interesse internacional na subcultura. Sem dúvida, a maioria dos dançarinos eram meninos, mas a importância das mulheres jovens em facilitar o desenvolvimento da dança foi muitas vezes negligenciada.
Um exemplo é o da pioneira garota Daisy Castro Cutajar, também conhecida como “Baby Love”, foi a única integrante da Rock Steady Crew por três anos. “Eu comecei no início de 1983. Eu só assistia meu irmão e seus amigos dançando break, e eu comecei a copiar o footwork e qualquer movimento que eu pudesse fazer… desde que eu era pequena”, diz Love em entrevista ao portal i-d.vice.com em novembro de 2018.
Apesar da popularidade e do sucesso da Rock Steady Crew, o desequilíbrio de gênero flagrante da cena nem sempre produziu os ambientes mais convidativos. “Foi empoderador, mas solitário, porque tudo que eu queria era me encaixar e nunca me senti assim”, ela diz. “Os caras tinham um ao outro, mas eu não tinha ninguém com quem construir, para continuar meu crescimento na cena.” Apesar de ser um pouco atípica, a visibilidade de Baby Love durante seus anos de Rock Steady provou que havia um lugar para mulheres na subcultura da dança. Baby Love é um ícone original da bgirl (dançarina de breaking), inspirando inúmeras bgirls nos próximos anos.
Mais do trabalho do fotógrafo Rick Flores.
O conceito de gênero surgiu entre as estudiosas feministas com o intuito de se opor ao conceito da essência, refutando qualquer explicação pautada no determinismo biológico que pudessem determinar o comportamento de homens e mulheres, exercendo, desta forma, uma visão naturalista, universal e imutável do comportamento. Este determinismo serviu por muito tempo para justificar as desigualdades entre ambos, a partir de suas distinções físicas.
No graffiti não foi diferente, atualmente considerado como arte de rua, nos anos 70 era uma grave transgressão e sofria forte repressão policial, pois era fortemente praticado antes do surgimento da cultura hip hop ainda na época da cultura das gangues de Nova York, sendo utilizados deste artifício para cada gangue delimitar espaços que tinha como “seus”. Até por este contexto, a cena do graffiti é extremamente dominado pela figura masculina.
No início dos anos 70, quando o graffiti estava em fase de formação, algumas jovens mulheres participaram deste campo dominado pelos homens. Duas dessas mulheres eram as parceiras “Barbara 62” e “Eva 62”, de Manhattan. Elas não eram necessariamente as primeiras grafiteiras femininas, mas estavam entre as primeiras a se tornar amplamente reconhecidas e respeitadas.
Elas se tornariam as grafiteiras mais conhecidas do seu tempo, escreveram suas tags (marcas) nos metrôs e ruas da cidade de Nova York. Como na maioria dos writers (outro nome dado aos grafiteiros) do período, o graffiti era limitado a tags e tags delineadas com uma cor adicional. Os nomes delas foram vistos ao lado de lendas da cena, como “Taki 183”, “Lee 163rd”, “Super Kool 223”, “Lava 123”, “Fase 2” e muitos outros. Barbara 62 e Eva 62 são reconhecidas por sua escrita prolífica. Elas abriram o caminho para futuras gerações de grafiteiras.
Várias pesquisadoras abordam o estudo do tema gênero, como por exemplo, Nancy Frazer (2007), Judith Butler (2008) e Donna Haraway (2004) que com suas perspectivas nos auxiliam a compreender todo este processo de emancipação da mulher, como ele vem sendo construído ao longo do tempo, seus objetivos, suas lutas, dificuldades e até suas imperfeições. Em suma, elas trazem que o gênero é uma categoria relacional, na qual, ao se levar em conta os gêneros em presença (homem/mulher), também se consideram as relações de poder, a importância da experiência, da subjetividade, do saber, do viver, não separando o sujeito social do seu contexto.
(…) “O gênero, é a contínua estilização do corpo, um conjunto de atos repetidos, no interior de um quadro regulatório altamente rígido, que se cristaliza ao longo do tempo para produzir a aparência de uma substância, a aparência natural do ser.” Tornar-se um sujeito masculino e feminino, não é uma coisa que aconteça em um só golpe, de uma vez por todas, mas que implica uma construção que, efetivamente, nunca se completa (TIBURI, 2013, p. 32).
Na cena da música no hip hop, que reúne os elementos Emcee e Deejay, o desequilíbrio ainda é maior, pois além do machismo tradicional, ainda houve/há uma enorme interferência da indústria do entretenimento norte-americano.
Grandes corporações que exploram a música rap (genérico hip hop) com somente uma finalidade: lucro. Onde as relações de poder negociam com o mercado e a mídia, na qual a imagem e o “talento” da mulher se restringe a de superfície visual e corporal, como exemplo: a bela, a erótica, a mãe e as negras tratadas de forma ainda mais preconceituosa. Segundo Gilroy (2001), a vulgarização das mulheres assim como a misoginia masculina têm origens nas questões raciais e devido a isso se tornam temas destacados na cena hip hop.
Ironicamente o início da cena midiática e comercial se deu pelas mãos de uma mulher, Sylvia Robinson, que no final dos anos 70, ajudou a fundar a editora de “música hip hop”, “Sugar Hill Records”, e em 1979 produziu o sucesso dos Sugarhill Gang: “Rappers Delight”. O primeiro hit comercial de música rap, vendeu mais de 8 milhões de cópias e que inspirou vários músicos do gênero. Três anos depois, em 1982, produziu “The Message”, música dos Grandmaster Flash and the Furious Five, considerado o primeiro rap de protesto, pois trazia em sua mensagem a decadência do Bronx na época. Sylvia, considerada “The Mother of Hip Hop” falecida em 2011, nunca teve seu devido reconhecimento.
Vídeo com trajetória de Sylvia Robinson.
Ainda nos anos 80, nas batalhas de rap nas periferias do Queens, surge Roxanne Shanté, uma das primeiras representações femininas de destaque no rap. Aos 14 anos de idade, em meio a tanta discriminação, uniu-se junto a Mr. Magic, Tyrone Williams e Marley Marl gravaram “Roxanne’s Revenge“, uma resposta para a música “Roxanne, Roxanne” do grupo UTFO sobre uma mulher que não respondia aos avanços de um homem. Roxanne em pouco tempo vendeu cerca de 250 mil cópias em Nova York. Aos 25 anos, Roxanne já tinha se aposentado e lançado dois discos. Sua vida virou filme cerca de 22 anos depois, o roteiro aborda seu sofrimento nas mãos de sua mãe, nas mãos dos homens que dominavam o hip hop na época e nas mãos de Cross, namorado mais velho da rapper que a violentava com frequência.
Vídeo Clipe – Roxanne Shante – Roxanne’s Revenge
Mais de uma década depois, em 1993, Queen Latifah, cantora de música rap norte-americana, lançou uma música intitulada “U.N.I.T.Y” como forma de protesto a violência a mulher e o desrespeito com as mulheres na cena do hip hop, descreveu situações que enfrentava e como tentava se defender recusando ser chamada de “vadia” (o que entra na questão direta do feminismo negro e da solidão da mulher negra). Trouxe à tona a causa sobre relacionamentos abusivos, como ela era cega de não enxergar o que a estava fazendo mal, problemas que a percepção masculina não alcançaria porque não há vivência. Esta canção é considerada uma mensagem completa de força e de resistência, o que combina com o foco inicial do rap.
Percebemos nestes exemplos históricos norte-americanos toda dificuldade de inserção e afirmação da figura feminina na cultura hip hop, assim como suas lutas, avanços e retrocessos.
Em terras tupiniquins também não foi diferente. A cultura hip hop se desenvolve a partir dos anos 80 com grande força embalada pela recente democracia e no avanço de conquistas sociais e políticas, o que fez com que se multiplicassem os movimentos culturais de jovens pelo Brasil. A cidade de São Paulo acaba ocupando destaque ao narrar o início do hip hop no país por conta de sua liderança no cenário econômico e político nacional, sua enorme e diversa população, além de ser o berço de novas ideias políticas de esquerda que ganhavam força na época.
Na famosa “selva de pedra” urbana e violenta o movimento crescia em número de adeptos e, assim como nos EUA, ficava evidente a grande predominância da figura masculina em todos os elementos. Aos poucos surgem as primeiras figuras femininas que são consideradas pioneiras no movimento como a Bgirl Kika, que fez parte da primeira geração da Back Spin Crew, um dos grupos mais tradicionais de dança breaking do país, assim como a cantora rapper Sharylaine que iniciou sua trajetória na cultura hip hop em 1986 e foi a primeira mulher a fazer registro fonográfico do estilo rap. Atualmente com mais de 30 anos de carreira traz em seu repertório musicas autorais com base no contexto social, na valorização e fortalecimento da mulher e a inserção da mulher no rap e no hip hop feminino.
Já nos anos 90 ganha destaque na cena a rapper Dina Di (falecida em 2010) que em 1994 fundou o grupo Visão de Rua que posteriormente lançou a sua primeira canção de trabalho chamada “Confidências de uma Presidiária”, que relata algumas coisas sobre o sistema carcerário feminino. Em 2004 Dina Di lançou “Noiva de Thock”, onde fala sobre diversos assuntos bem abertamente, a canção “Hora de avançar” ela exalta a força da mulher independente e que mulheres unidas são mais fortes, em “Corpo em Evidência” é um papo reto sobre pornografia e sobre como a mídia usa o padrão de mulher perfeita.
Dina Di também fala em algumas entrevistas como ela ficava cansada em ter que passar essa imagem masculina pra ter respeito, ter que seguir um tipo vestimenta e postura, pois ela percebeu que dessa forma a olhavam de forma mais diferente e a levavam a sério, coisa que não aconteceria se ela tivesse uma postura mais doce e usasse vestidos.
O estudo de gênero como um dos principais elementos articuladores das relações sociais no contexto urbano, nos permite entender como os sujeitos sociais estão sendo constituídos cotidianamente por um conjunto de significados impregnados de símbolos culturais, conceitos normativos, institucionalidades e subjetividades sexuadas (Scott, 1990) que oferta a homens e mulheres um lugar diferenciado no mundo, sendo esta diferença marcada por relações de poder que conferem ao homem, historicamente, uma posição dominante.
Ao abordar a inserção e afirmação da figura feminina no hip hop, trago alguns exemplos de práticas próximas a mim, que em minhas (an)danças por aí, tive a oportunidade de conhecer e prestigiar pessoalmente: o coletivo “Empodera Elas”, da cidade de Tambaú/SP, que tem como objetivo dar visibilidade à mulher dentro do hip hop com o propósito de disponibilizar um espaço em que agregasse atividades dentro da cultura de rua como dança, graffiti, artesanato, música, entre outros, onde as mulheres artistas pudessem se sentir a vontade.
Segundo Naomah Bretas, uma das integrantes do grupo, a iniciativa de formar o coletivo foi principalmente pela percepção da falta de espaço para a mulher dentro do hip hop na região. “A princípio, o grupo começou com a ideia de discutir sobre o espaço feminino dentro do hip hop. Aos poucos fomos construindo um repertório musical e com isso, conseguimos levantar assuntos polêmicos relacionados à mulher”, relata Naomah. Além de grupo musical, o projeto Empodera Elas também é um grupo informativo, pois participam de discussões e debates para adquirir conhecimento com o intuito de retransmiti-los.
Lu Afri é considerada uma das pioneiras no que se diz respeito à inserção da mulher e representação feminina na cultura hip hop, em especial no rap do Sul de Minas. Acumula mais de 20 anos de carreira, na qual subiu em importantes palcos, solo e em grupo, como festivais de música nacional, prêmio da TV brasileira, além de gravações de álbuns, singles, videoclipes e um EP recém-lançado. Mineira de Poços de Caldas, Lu Afri é uma das grandes mulheres e cantoras de uma geração que protagoniza a produção musical do (e no) interior, entrando para a história contemporânea da nossa cultura.
Por onze anos junto ao grupo Uclanos, Lu Afri levou o nome do Sul de Minas às capitais do sudeste e teve como auge da carreira a oportunidade de serem finalistas do programa Astros, no SBT em 2009. Atualmente em carreira solo é destaque pelo protagonismo feminino no rap, como mulher e mãe. Suas canções vão do rap ao pop, passando por reggae, soul, trap e mpb, com letras que engrandecem a voz da mulher na cultura brasileira. “As músicas que escrevo não falam só do cotidiano e do dia a dia, como no rap tradicional, falam também de relacionamentos, sonhos e valores da mulher, um tema, para mim, muito importante na música”, comenta Lu Afri sobre as composições.
Vídeo com entrevista a TV Poços, ela fala sobre o tema “A mulher no mundo do Rap”.
Outra ação que reforça esta intensa força feminina é a da Bgirl Dorsyrene Sanchez de 24 anos, integrante da Latinas Venezuela Crew. Ela conta que sua crew traz integrantes de diversos estados da Venezuela (Bolívar, Lara, Táchira, Caracas, Coro, Maracay) e que atualmente muitas emigraram e moram em diversos países da América Latina como Peru, Chile, Equador, Colômbia e Brasil devido a constante violação dos direitos humanos em seu país de origem. Dorsyrene chegou ao Brasil em 2015 procurando uma melhor condição de vida e ao mesmo tempo evoluir na dança e como Hiphopper, uma vez que o Brasil é considerado por eles como um país de maiores oportunidades, atualmente reside em Uberlândia/MG.
Ironicamente ela traz no seu depoimento em 2019 inquietações bem parecidas com os relatos da Bgirl pioneira norte-americana Baby Love na década de 80 citada anteriormente neste texto. Uma grande subestimação feminina, linguagem machista, além de pouco espaço para as dançarinas, o que acaba criando um complexo de inferioridade nas garotas, que isso vem melhorando, mas tá longe do ideal.
De lá para cá algo mudou? A tentativa de reverter este panorama está clara, principalmente, na fala das mulheres que fazem parte do movimento e demandam para si outras representações e relações. Em comum, elas apontam que o hip hop pode se reconfigurar de outra maneira, mas isto dependerá de suas lutas, das reflexões e dos debates. Ou seja, há avanços, mas a cultura hip hop ainda está longe de ser politicamente correta no que diz respeito a se aproximar de um equilíbrio de gênero.
Joan Morgan, nascida na Jamaica e crescida no sul do Bronx, é jornalista e escritora premiada norte-americana, sendo uma das principais feministas pioneiras do hip hop cujo livro “When Chickenheads Come Home to Roost” se tornou um livro indispensável no cânone emergente do intelectualismo hip hop e um texto fundador do feminismo hip hop. Em “Chaos Total” (2006) ela traz em diálogo com Mark Anthony Neal, que o hip hop já está aí com seus trinta anos de idade, e se fosse uma pessoa, ele provavelmente seria casado, teria alguns filhos e estaria seguindo uma carreira profissional, lidando com os desafios de pagar por um hipoteca e cuidados infantis e notas de carro. Ressalta a importância dessa conversa sobre gênero e hip hop que agora é sobre o crescimento do hip hop. Como é o hip hop quando se torna um negócio de pessoas crescidas?
Em sua visão, é de extrema importância desafiar a misoginia, o sexismo e a homofobia que existem em nossas comunidades e em nossa sociedade. Com questões como: qual é o verdadeiro desafio de criar filhos nessa sociedade e abraçar o hip hop ao mesmo tempo? Como continuamos a ajudar o hip hop a crescer e a mudar o mundo da maneira como imaginamos o hip hop mudando o mundo anos atrás? (CHANG, 2006, p. 276).
Refletir sobre questões de gênero implica em realizar uma (re)leitura de tudo que está à nossa volta, o que pode significar, por exemplo, repensar a linguagem, a cultura, os meios de comunicação social, princípios religiosos, familiares, políticos e sociais.
Assim, (re)pensando sobre esta (re)configuração social, improviso aqui (assim como no hip hop) ao término deste ensaio a perspectiva de Donna Haraway (2000) em seu Manifesto Ciborgue: “se nós fomos construídos socialmente podemos ser reconstruídos. E, assim, tudo pode ser escolhido, inclusive se a nossa sociedade será baseada na violência e na dominação de um grupo sobre outro”.
Autor: Mário Castro Jr. (Zulu Marujo) é arte-educador, produtor cultural e pesquisador. https://mariocastrojr-com-br.webnode.co
*Este texto foi produzido como parte trabalho final realizado para a disciplina “Epistemologias situadas e engajadas – corpos, contextos e políticas na produção de conhecimentos”, ministrada pela Profa. Dra. Márcia Maria Tait Lima, no programa de mestrado em Divulgação Científica e Cultural, do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Referências
CHANG, Jeff (Ed.). Total chaos: The art and aesthetics of hip-hop. Civitas Books, 2006.
GILROY, Paul. O Atlântico Negro: Modernidade e dupla consciência. Tradução de Cid Knipel Moreira. São Paulo: Ed. 34; Rio de Janeiro: Universidade Cândido Mendes, Centro de Estudos Afro-Asiáticos, 2001.
GEORGE, Cassidy. Exploring the birth of the b-boy in 70s New York. Acesso em 21 de Janeiro de 2019, disponível em: https://i-d.vice.com/en_us/article/ev3v4z/exploring-the-birth-of-the-b-boy-in-70s-new-york
HARAWAY, D. Manifesto Ciborgue: Ciência, Tecnologia e Feminismo-Socialista no final do século XX. In: SILVA, T. T. da (Org. e Trad.). Antropologia do Ciborgue: as vertigens do pós-humano. Belo Horizonte, 2000.
SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil para análise histórica. Educação e Realidade, Vol.16, n.2, jul/dez.1990.
TIBURI, Márcia. Judith Butler feminismo como provocação. Revista Cult, 185. Ano 16, Nov. de 2013.