*O documentário foi produzido por participantes da turma de 2019 do curso Meio Ambiente, Questão Agrária e Multimeios/Unicamp –
“O papel das guardiãs de sementes tradicionais e crioulas do Sul de Minas Gerais”
Sinopse
Entre as montanhas do sul de Minas Gerais, revestidas pelo verde das florestas da Mata Atlântica, fauna diversa e nascentes volumosas, agricultoras e agricultores cunham a sua história aliando preservação e cultura. Rosângela, Regina, Yurico, Setsu e Luciene são mulheres rurais que vivem na região e tem na preservação das sementes uma prática que faz parte do seu modo de viver. Semear, colher, plantar e trocar sementes são atividades cotidianas que serão mostradas pelas falas e gestos expressados neste documentário. O objetivo é dar visibilidade a essas práticas e ressaltar a importância delas para a segurança alimentar e preservação deste importante patrimônio genético, fazendo dessas mulheres verdadeiras guardiãs de sementes.
Descrição do processo
A escolha do tema, assim como a formação da equipe se deu por meio de uma dinâmica em sala de aula. Foi solicitado que cada estudante levasse uma imagem que traduzisse de alguma forma o tema com o qual gostaria de trabalhar. Assim, cada integrante deste grupo apresentou uma imagem que de certa forma interagiam entre si e abordavam temáticas como sementes, relações de gênero, troca de saberes, luta e resistência. Foi assim que o grupo se formou e definiu por trabalhar com mulheres do sul de minas que atuavam como guardiãs de sementes.
Para a escolha das personagens foi primeiramente realizada uma breve pesquisa sobre quais mulheres se identificavam ou eram reconhecidas na região pelo vínculo com as sementes. Essa pesquisa foi rápida e de certa forma facilitada pelos trabalhos anteriores que membros da equipe já realizavam, e por isso, essa função foi delegada a uma das integrantes, que sempre reportava ao grupo cada informação recebida ou contato feito. Assim, levando em consideração a disponibilidade das mulheres, local de residência e vínculo, foram escolhidas inicialmente 4 mulheres, sendo: Maria Regina e Rosângela do município de Poço Fundo, ambas integrantes do grupo de Mulheres Organizadas em busca de Igualdade (MOBI); Lucilene da Rede Agroecológica da Mantiqueira (RAMA) do município de Pedralva e Yuri, do município de Maria da Fé, integrante da Associação de Agricultura Natural de Maria da Fé (APANFÉ). Durante as gravações, também foi incluída a mãe da Yuri, D. Setsuo Tatamya, por estar em casa durante a gravação e ser citada pela filha como uma pessoa que sempre guardou e semeou sementes.
No processo de preparação para filmagem foi feita uma agenda de gravação dividindo as tarefas entre os integrantes. Como a integrante do grupo responsável pelo contato já tinha uma boa relação com as agricultoras, ficou decidido que ela seria a melhor pessoa para fazer os questionamentos e conduzir o dialogo, pois assim as mulheres ficariam mais a vontade e a conversa fluiria. Realmente aconteceu como foi previsto, as conversas foram boas, houve muitas risadas apesar da tensão que a câmera e o microfone costumam causar nas pessoas que não estão habituadas com esses instrumentos.
A divisão das outras tarefas ficou definido da seguinte forma: uma pessoa iria fazer o controle da luz, promovendo sombra ou luz para imagem, outra assumiria a câmera secundária e outra assumiria a gravação da câmera principal.
Nas viagens para gravação aconteceram erros no caminho, chuvas fortes, problemas no carro, mas tudo valeu a pena no final. A recepção das agricultoras foi a melhor possível sempre acompanhada de boa prosa e comida mineira. Após as gravações deu-se início a próxima etapa que é a edição. Uma das integrantes da equipe fez a transcrição de todas as gravações organizando a partir das questões do roteiro utilizado na gravação, colocando o tempo de inicio e fim de cada uma das respostas. Partindo para a edição o grupo teve algumas dificuldades com a utilização do software Blender, demandando de orientações do bolsista da disciplina. Diante dessa orientação e muito mais da dedicação e pesquisa de um dos membros, foi feita a edição. Porém, houve um problema no áudio de algumas gravações que não foi possível resolver entre a equipe e professores.
Como equipe tinha como objetivo apresentar o vídeo na tradicional Festa das Sementes Orgânicas e Biodinâmicas do Sul de Minas recorreu à ajuda de uma profissional que acabou resolvendo o problema, porém, esse problema acabou gerando custos para a equipe. Diante do compromisso assumido na disciplina e com as mulheres participantes do documentário, essa foi a alternativa encontrada para resolver a situação do momento, assim, a edição foi feita e o vídeo foi estreado no evento, contando com a presença das guardiãs do documentário.
Vale ainda ressaltar que antes do processo de construção do documentário não havia entre essas mulheres a identidade e o reconhecimento de que são guardiãs. Elas se reconheceram a partir da pesquisa, com a explicação dada pela equipe, assim algumas mulheres disseram “se guardiã de semente é isso, então acho que sou uma guardiã”. Foi um simples questionamento, outras mulheres dos grupos os quais Rosângela, Regina, Yurico, Setsu e Luciene fazem parte também se reconheceram tanto durante a pesquisa quanto após a exibição do documentário, a equipe não imaginava que o projeto teria tamanha repercussão, com resultados tão significativos.
Isso demostrou para equipe como a construção crítica de um audiovisual com pesquisa, gravação, edição e exibição é capaz de promover a reflexão e movimentar tanto os sujeitos protagonistas do documentário como também as pessoas que assistem.