Sementeia é uma plataforma digital multimídia que tem por objetivo produzir sementes e semear. As sementes são conteúdos desenvolvidos numa concepção de livre produção e circulação de materiais audiovisuais, textos, vozes, sons e imagens. Sua concepção busca privilegiar uma linguagem multimídia e a produção colaborativa entre nossos parceiros sobre grandes temas relacionados a propostas para mudança e ações de resistência no campo e na cidade. Alguns assuntos, que farão parte de nossas primeiras semeaduras, estão relacionados a questões como: trabalho rural, movimentos camponeses, agroecologia, economia solidária, comunicação popular e mídia-livre.
A Sementeia pretende-se ser terra fértil para germinar, criar e compartilhar. Um espaço no qual as sementes se mesclem, formem sementes híbridas, multipliquem as espécies crioulas e formas de resistência que mantém o princípio da vida: potência, desenvolvimento, adaptação, autonomia e beleza. A Sementeia não é uma terra de monocultivos porque pretende fomentar uma diversidade de posições críticas em sementes. Cada parceiro/semeador terá autonomia para postar o material e as informações que julgar pertinentes e importantes de serem compartilhadas.
Pretende desenvolver-se também como teia, que é enredada e conectada dia a dia e para que assim esta concepção se transforme desde seu interior e as produções colaborativas cresçam. Uma teia suficientemente flexível e resistente para possibilitar produções coletivas e ser o nascedouro de projetos de sensibilização, mobilização e transformação social, que sejam alimentados por relações de solidariedade e profunda empatia social e ambiental. A teia que se formará entre todos os parceiros permitirá que nossas sementes possam crescer fortes e livres do jugo do silêncio imposto pela cultura de massa e que estimulem a reflexão e o exercício de transformação e não subordinação a qualquer ideologia, mesmo que “politicamente correta”.
Que a gente semeie a solidariedade!
Que a gente cultive a reflexão e autonomia!
Que a gente colha os múltiplos sabores, saberes e a sabedoria!
Que a gente viva a liberdade de pensar e sentir!
Processo crioulo de produção simbólica
Das reflexões, trocas e aprendizados conectados pela Sementeia foi gestada a concepção de processo crioulo de produção simbólica (audiovisual, mídias e linguagens) e narrativas crioulas. Essas concepções na produção e circulação de linguagens e conteúdos partem da ideia que circulava entre nossos coletivos das sementes crioulas como resistências e potências – resistência ao modelo de agronegócio e monocultivo, ao padrão tecnológico transgênico – potências de diversidade e metáforas vivas da sociobiodiversidade nas culturas camponesas e indígenas, tradição/evolução, transformação/resiliência.
O processo crioulo de produção simbólica busca integrar comunicação, educação, redes sociais e tecnologias da informação para apoiar e estimular a memória cultural e as semânticas camponesas usualmente marginalizadas pelos discursos hegemônicos. Os meios crioulos de produção simbólica podem ser definidos como o conjunto de ações capazes de promover a partilha dessa memória e destas semânticas. Assumindo que todo ser humano insere-se em algum corpus cultural, o meio crioulo representa o esforço intencional de, endogenamente, encontrar e compartilhar os significados e sentidos que todo grupo popular detém, mas que muitas vezes estão marginalizados, desmerecidos.
Para que o processo crioulo de produção simbólica se desenvolva como tal é fundamental que a participação coletiva seja garantida. A linguagem popular deve ganhar espaço e valor, a história a ser narrada deve se valer e se moldar no processo de identificação dessa linguagem. Disso reafirma-se que o meio crioulo, em essência, trata de um processo e não de um produto. Buscamos que a narrativa audiovisual seja construída coletivamente, promovendo cada vez mais, a viabilização da autonomia dos sujeitos em sua expressão simbólica, em especial com o vídeo/cinema. Acreditamos na formação de grupos populares e tradicionais para que se apropriem dos meios de produção audiovisual e elaborem suas próprias narrativas.
Leituras complementares sobre a produção e a concepção teórica do processo crioulo na comunicação em:
VAZ PUPO, Marcelo; JUNQUEIRA, Kellen; SILVA, Luciana Henrique da. Campesinato e Educação Popular na Constituição do Processo Crioulo de Produção Simbólica. In: BERGAMASCO, Sonia Maria P. P. et al (Org.). Educação do Campo e Agroecologia. Campinas: Editora Átomo, 2017 (no prelo).
PUPO, M.; TAIT, M. M. L.; JUNQUEIRA, K.; Welle, J. ; SOUZA, B. L. Sementeia: plantando sonhos, semeando sentidos e articulando resistências no campo e na cidade In: I Congresso Internacional Epistemologias do Sul, 2017, Foz do Iguaçu. Anais Eletrônicos do Congresso Internacional Epistemologias do Sul. , 2017.
SILVA, L. H.; JUNQUEIRA, K.; LIMA, M. M. T. Sementeia: multi-mídia, educação e resistências em uma plataforma virtual. Revista ClimaCom. , v.1, 2015.
Histórico do projeto Sementeia
A Sementeia foi concebida por um coletivo que se formou a partir da participação de pesquisadores e ativistas com ligados a Unicamp, ao movimento social de luta pela terra (Grupo de Comunicação do Assentamento Milton Santos) e de luta pela internet livre Coletivo Saravá. Todos com trajetória de militância e reflexões sobre os temas da comunicação, resistência e contra-hegemonia.
A Sementeia só foi possível de ser concretizada devido aos recursos da Pró-reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários/PREAC, aprovado em 2013 (7º edital, PEC 2013) e apoio do docente: Antonio Carlos Rodrigues de Amorim (Faculdade de Educação/Unicamp)
Contamos com uma equipe para a construção e concepção deste espaço: uma bolsista que sistematizou e preparou todo o material postado inicialmente na Sementeia Luciana Palhares de Souza, Hugo Melo que cuidou da construção do espaço virtual, com o apoio do bolsista Emerson Correa e, a artista plástica Ana Paula Luengo que concebeu a arte visual, com o apoio da bolsista Fernanda Resende Serradourada.
A Sementeia continuará a ser administrada por este coletivo que doravante se responsabiliza por compartilhar materiais e integrar novos integrantes e novos parceiros.
Coletivo Gestor Sementeia
Diego Riquelme – Pesquisador do Laboratório Terra Mãe/Nepam/Unicamp
Hugo Melo – Desenvolvedor de software e pai, parte da fundação e da manutenção do Coletivo Saravá
Janaína Welle – Doutoranda em Ambiente e Sociedade no Nepam|Unicamp, mestra em Multimeios pela Unicamp e mestra em Antropologia Visual pela Universidade de Barcelona
Kellen Junqueira – Pesquisadora do Laboratório TerraMãe/Feagri/Unicamp
Luciana Henrique da Silva, professora da Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul (UEMS)
Márcia Tait – comunicadora social, doutora pelo Departamento de Política Científica e Tecnológica (DPCT/IG) e professora do Mestrado em Divulgação Científica e Cultural (MDCC/Labjor/Unicamp)
Marcelo Vaz Pupo – Educador e Professor na Universidade Federal do Pampa, Campus Dom Pedrito-RS, atuando principalmente na Licenciatura em Educação do Campo
Apoio:
Josely Rímoli – docente da Faculdade de Ciências Aplicadas-FCA/Unicamp
O site é uma instância de WordPress (software livre para blogs, utilizando um tema criado pelo próprio projeto). A partir dele, os diversos parceiros do projeto podem publicar suas produções audiovisuais dentro dos temas propostos na linha editorial com facilidade. Este site está sendo hospedado pelo Coletivo Saravá, um grupo que oferece estrutura computacional distribuída e anônima não-corporativa e não-governamental para movimentos sociais e para a sociedade em geral.